"Cobra-coral, papagaio-vintém, vesti rubro-negro, não tem para ninguém”. O samba-enredo da Estácio de Sá, para o Carnaval de 1995, ficou imortalizado nas arquibancadas como um dos cantos de torcida mais emblemáticos da Nação. Na letra, referências a camisas marcantes que fizeram parte da história flamenguista. Além disso, citação às cores do Flamengo, o vermelho e o preto. Mas, o que muitos não sabem, é que nem sempre os uniformes do clube trouxeram essa coloração.
Para dar cor ao uniforme do clube, eram escolhidos o azul e o amarelo. O amarelo, na verdade, deveria representar o ouro, símbolo das riquezas presentes em solo tupiniquim. Enquanto o azul era para homenagear a cor vista no céu da Guanabara. No entanto, por uma série de fatores, houve uma transformação na identidade visual do Flamengo, por conta da coloração que se fazia presente na vestimenta oficial da equipe.
Os uniformes “ourazul”, como eram popularmente chamados, vinham da Inglaterra. Logo, o preço para trazê-los ao Brasil eram um pouco exorbitantes. Esse contexto fez acender uma luz na cabeça do tesoureiro Felisberto Laport. Pois, além do custo da exportação, as peças também desbotavam rapidamente ao ficarem muito expostas ao sol. Outro fator que contribuía no desaparecimento das cores era a alta quantidade de sal presente nas águas da Baía, onde as competições de remo aconteciam.
Ademais, também existia uma motivação esportiva para que essa alteração fosse feita. O Flamengo nunca havia vencido uma regata trajando azul e amarelo. As competições eram dominadas pelo Botafogo, que empilhava troféus conquistados. Enquanto isso, o clube da Gávea enfrenta um calvário: não conseguia feitos maiores que o terceiro lugar. Por conta disso, passou a ser conhecido, pejorativamente, como “Clube de Bronze”.
Porém, a transformação não foi meramente estética. Com toda a reformulação, o estatuto também precisou ser alterado, já que a troca de cores acabou acarretando em mudanças na bandeira, escudo e uniforme. A bandeira continuava com 12 listras horizontais, mas que agora eram pintadas de vermelho e preto. O escudo passava a ter apenas uma âncora, ao invés de duas. Com ela, as iniciais “CRF” e remos.
Para quem não é supersticioso, chega a ser difícil de explicar o que sucedeu a alteração das cores oficiais do clube. Afinal, a partir do momento em que Nestor de Barros sugeriu que o Flamengo passasse a vestir vermelho e preto, os títulos começaram a vir. E, para dar um caráter ainda mais místico para essa situação, a mudança foi oficializada em uma data que já passou a ser emblemática para qualquer flamenguista: 23 de novembro.
O dia em que o Flamengo conquistou suas duas Libertadores, antes de mais nada, foi o dia em que o clube passou a ser conhecido como rubro-negro. Entretanto, uma instituição esportiva nunca deve se esquecer de suas origens. Em virtude desse fator, por mais que, quando se fale no maior campeão carioca, automaticamente se pense nas cores vermelha e preta, foram elaboradas camisas que trazem o “ourazul” como coloração principal novamente.
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